A técnica da remuage: o segredo do champanhe cristalino
No começo do século XIX, o champanhe enfrentava um problema: a presença de sedimentos naturais da fermentação, que deixavam a bebida turva e pouco atraente. Foi então que Barbe-Nicole Ponsardin, a Viúva Clicquot, desenvolveu uma solução engenhosa que mudaria para sempre a produção de vinhos espumantes: a técnica da remuage.
Como funciona a remuage
O processo consiste em inclinar as garrafas de champanhe em suportes de madeira (chamados pupitres), posicionando-as de cabeça para baixo em um ângulo crescente. Todos os dias, as garrafas são giradas manualmente em pequenos movimentos — um quarto de volta, meia volta — e ao mesmo tempo são levemente inclinadas para baixo.
Com o passar de várias semanas, esse movimento faz com que todas as leveduras mortas e impurezas deslizem lentamente até o gargalo da garrafa.
O resultado
Graças à remuage, o champanhe se torna limpo, brilhante e cristalino, sem perder suas borbulhas. Depois, o gargalo é congelado e os sedimentos são eliminados em um processo chamado dégorgement.
Por que foi revolucionária
Antes da remuage, o champanhe era visto quase como uma curiosidade, já que sua aparência turva o afastava do mercado de luxo. A inovação da Viúva Clicquot transformou a bebida em um símbolo de sofisticação mundial, abrindo caminho para o sucesso da maison e para toda a indústria do espumante.
A remuage hoje
Atualmente, muitas vinícolas utilizam máquinas chamadas giropalettes, que automatizam o processo e conseguem girar centenas de garrafas de uma vez. No entanto, em casas de champanhe tradicionais, como a própria Veuve Clicquot, a técnica manual ainda é preservada como parte da tradição.
Conclusão
A remuage é mais do que uma técnica: é um símbolo de inovação. Criada por uma mulher visionária em uma época dominada por homens, ela deu ao champanhe sua aparência elegante e refinada, ajudando a consolidar a fama da bebida no mundo inteiro.
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