Como a Itália virou um país: o processo de unificação
Hoje, a Itália é sinônimo de arte, gastronomia e cultura. Mas até meados do século XIX, a península era um mosaico de reinos, ducados e territórios sob domínio estrangeiro. O processo que transformou esse território fragmentado em uma nação unificada ficou conhecido como Risorgimento — o “Renascimento” da Itália.
A península antes da unificação
Desde a queda do Império Romano, a península Itálica raramente esteve unida sob um único governo. Durante séculos, a região se dividiu em cidades-estado (como Veneza, Florença e Gênova), reinos (como o das Duas Sicílias, ao sul) e territórios controlados por potências estrangeiras, como a Áustria. Até mesmo o Papa governava uma parte significativa do território, conhecida como Estados Papais.
Essa fragmentação criou rivalidades locais, mas também fortaleceu uma identidade cultural comum: a herança romana, a língua italiana em formação e o desejo crescente de independência.
O movimento do Risorgimento
A unificação começou a ganhar força no século XIX, inspirada por ideais nacionalistas e liberais que surgiam em toda a Europa. Foi nesse contexto que se destacaram três grandes nomes:
- Giuseppe Mazzini, o ideólogo: fundador da organização Jovem Itália, defendia a unidade nacional baseada em princípios republicanos e democráticos.
- Conde de Cavour, o diplomata: primeiro-ministro do Reino da Sardenha-Piemonte, usou negociações políticas e alianças internacionais para enfraquecer a influência austríaca.
- Giuseppe Garibaldi, o guerreiro: liderou campanhas militares populares, como a famosa “Expedição dos Mil”, que conquistou o Reino das Duas Sicílias.
A proclamação do Reino da Itália
O ponto decisivo veio em 1861, quando Vítor Emanuel II, rei da Sardenha-Piemonte, foi proclamado primeiro rei da Itália unificada. A capital inicial foi Turim, depois Florença, até que Roma foi incorporada em 1870, tornando-se definitivamente a capital do país.
A unificação não foi simples: envolveu guerras contra a Áustria, revoltas populares, diplomacia intensa e até a oposição do papado, que só foi resolvida em 1929, com os Pactos de Latrão.
A importância da unificação italiana
O nascimento da Itália como país foi um marco no nacionalismo europeu do século XIX. Assim como a Alemanha (unificada em 1871), a Itália mostrou que identidades culturais comuns podiam se transformar em estados-nação modernos.
Apesar das diferenças regionais que ainda persistem entre norte e sul, a unificação deu início ao projeto de construir uma identidade italiana única, que hoje se expressa em sua língua, símbolos e tradições.
Conclusão
A Itália virou um país após séculos de fragmentação, graças ao Risorgimento — um movimento que combinou ideais revolucionários, diplomacia e batalhas militares. Liderada por figuras como Mazzini, Cavour, Garibaldi e Vítor Emanuel II, a península se uniu oficialmente em 1861, coroando um dos processos mais complexos da história europeia.
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