O que fazer em Nápoles em 3 dias: a verdadeira alma da cidade

napoles o que fazer

Viajar para Nápoles é uma experiência única. Não é apenas uma cidade, é um choque cultural, histórico e gastronômico que mexe com todos os sentidos. Quando pensamos em o que fazer em Nápoles, logo vêm à mente a pizza, os castelos à beira-mar, as ruas caóticas e o culto a Maradona. Mas a cidade vai muito além dos clichês.

Nós chegamos de trem de alta velocidade vindo de Roma — em pouco mais de 1h10 já estávamos desembarcando na estação Napoli Centrale. Ficamos alguns dias por lá antes de seguir para Capri, e posso garantir: Nápoles surpreende. Neste roteiro de 3 dias em Nápoles, compartilho nossa experiência explorando o centro histórico, descendo até a Nápoles Subterrânea, caminhando por Pompeia e vivendo momentos à beira-mar.

Dia 1 – Centro histórico e a descoberta da Nápoles Subterrânea

Se você está em dúvida sobre o que fazer em Nápoles no primeiro dia, comece pelo coração da cidade.

A Piazza del Plebiscito é um ótimo ponto de partida. A imensidão da praça impressiona, e ao redor estão o Palácio Real e a Basílica de San Francesco di Paola. A sensação é de estar em um palco histórico aberto, cercado por séculos de poder e fé.

Piazza del Plebiscito

De lá, seguimos para a Galeria Umberto I. A cúpula de vidro que deixa a luz natural invadir o espaço é hipnotizante. Caminhar por ali me lembrou Milão, mas com um charme napolitano inconfundível.

Inspirada na Galeria Vittorio Emanuele II de Milão, ela tem 147 metros de comprimento e é coberta por uma impressionante cúpula de ferro e vidro que se encontra a quase 60 metros de altura. O nome homenageia o rei Umberto I da Itália, e desde a inauguração se tornou ponto de encontro de intelectuais, comerciantes e artistas.

Hoje, além das lojas e cafés, a galeria é um passeio obrigatório para quem procura o que fazer em Nápoles, não só pela beleza arquitetônica, mas também porque representa a tentativa da cidade de se reinventar no final do século XIX.

galeria umberto

Depois, fomos descendo pela Via Toledo até entrar no Quartieri Spagnoli, talvez o bairro mais autêntico da cidade. As ruas estreitas são cheias de vida: roupas estendidas entre as janelas, murais coloridos e homenagens ao eterno Maradona, reverenciado como um santo popular. Estar ali é sentir a alma de Nápoles pulsando.

São imagens que retratam o ídolo em diferentes fases da vida: o jovem campeão do Napoli nos anos 80, o Maradona levantando a Copa de 86, e até versões estilizadas que o colocam como santo, com auréola e velas acesas. Ver a devoção dos napolitanos é emocionante. Não é exagero dizer que Maradona está para Nápoles como San Gennaro, o padroeiro da cidade.

maradona em nápoles

Estar no Quartieri Spagnoli é sentir a alma de Nápoles pulsando — e parte dessa alma tem a cara de Diego.

À tarde, a grande surpresa foi o passeio pela Nápoles Subterrânea (Napoli Sotterranea). Descemos por escadarias e logo estávamos em túneis antigos. Debaixo do caos do centro histórico, existe um labirinto de túneis, cavernas e aquedutos que começaram a ser escavados ainda pelos gregos, por volta do século IV a.C. O tufo vulcânico — uma pedra leve e fácil de trabalhar — foi extraído para construir casas e monumentos, deixando para trás corredores e salas que depois foram reutilizados pelos romanos como cisternas de água.

Durante séculos, essa rede abasteceu a cidade, e aí entram os pozzari: trabalhadores encarregados de manter a água limpa. Eles desciam pelas aberturas nos poços, muitas vezes carregando apenas uma lamparina, e tinham a missão de remover sujeiras e até corpos de animais que caíam na água. Eram conhecidos como homens quase invisíveis, que passavam a vida dentro da escuridão, garantindo que Nápoles tivesse água potável.

Na Segunda Guerra Mundial, o subterrâneo voltou a ser vital: milhares de napolitanos se abrigaram ali durante os bombardeios, transformando as cavernas em verdadeiros refúgios comunitários. Até hoje é possível ver restos de camas improvisadas, brinquedos e grafites feitos pelas pessoas que esperavam a guerra passar.

nápoles subterrânea

Encerramos o dia como manda a tradição: pizza. Experimentar a original em Nápoles é uma experiência quase religiosa. Nós escolhemos a Da Michele, e sim, a fila é grande, mas a primeira mordida compensa qualquer espera.

Dia 2 – Pompeia: uma viagem no tempo

Quando se pensa em o que fazer em Nápoles e arredores, Pompeia é a resposta automática. Mas nenhuma expectativa prepara para a sensação de andar por uma cidade congelada no tempo.

Pegamos o trem Circumvesuviana na Estação Garibaldi. Em cerca de 40 minutos, já estávamos na entrada do sítio arqueológico. O sol forte fazia parecer ainda mais real a tragédia de 79 d.C., quando a erupção do Vesúvio cobriu tudo em cinzas.

Caminhar por Pompeia é uma experiência transformadora. As ruas de pedra ainda guardam as marcas das rodas das carroças, as casas preservam mosaicos e murais, e é impossível não se emocionar ao ver o anfiteatro, os templos e até os moldes de pessoas que tentaram escapar.

pompéia

Um dos momentos mais marcantes foi entrar em uma antiga casa romana e imaginar a vida acontecendo ali antes da catástrofe. Você se pega pensando: como seria viver em um lugar onde o Vesúvio sempre esteve no horizonte, imponente e silencioso?

casa antiga pompeia

Dia 3 – Castelos, beira-mar e Aperol Spritz

O último dia em Nápoles é perfeito para se despedir com calma. Começamos pelo Castel dell’Ovo, à beira do mar. A vista para o Mediterrâneo, com barcos coloridos e o Vesúvio ao fundo, parece uma pintura.

Depois caminhamos pelo Lungomare Caracciolo, a orla charmosa onde os napolitanos passeiam no fim de semana. Paramos em um restaurante para provar frutos do mar fresquíssimos, e confesso: foi um dos melhores almoços da viagem.

À tarde, visitamos o Castel Nuovo (Maschio Angioino), símbolo medieval da cidade. E como estávamos em Nápoles, era impossível não esbarrar em murais e lembranças de Maradona — o eterno camisa 10 que ainda é venerado em cada esquina.

castelo nuovo

Para fechar a viagem, nada melhor do que brindar com um Aperol Spritz no fim de tarde. Bons lugares para isso são o Barril, no bairro de Chiaia, ou o Cammarota Spritz, no Quartieri Spagnoli, sempre cheio de jovens e com preços acessíveis. É a forma perfeita de celebrar a intensidade napolitana.

Onde ficar em Nápoles

Escolher bem a hospedagem faz diferença na experiência:

  • Quartieri Spagnoli: é autêntico, vibrante e cheio de vida. Ficar aqui significa mergulhar no coração de Nápoles.
  • Centro Histórico (Spaccanapoli e Via Tribunali): ótima opção para quem quer estar perto das atrações e pizzarias.
  • Chiaia: região elegante, com bares e restaurantes sofisticados, boa para quem prefere conforto.
  • Perto da Estação Garibaldi: prático para bate-voltas a Pompeia, Sorrento ou Amalfi, embora a região seja menos charmosa.

Transporte em Nápoles

  • Em Nápoles não existe Uber. A locomoção é feita a pé, de metrô (um dos mais bonitos da Europa), táxis ou com o app local FreeNow.
  • As distâncias dentro do centro são curtas, mas as ruas podem ser caóticas.
  • Para Capri, os barcos rápidos partem do Molo Beverello e levam cerca de 45 minutos.

Conclusão

Descobrir o que fazer em Nápoles é se deixar envolver por uma cidade que mistura história milenar, caos encantador, devoção ao futebol e uma gastronomia imbatível. Em três dias, você pode caminhar pelo centro histórico, explorar a Nápoles Subterrânea, se emocionar em Pompeia e relaxar à beira-mar com um Aperol Spritz.

Nápoles não é uma cidade de meio-termo: ou você se perde no seu caos e autenticidade, ou não a entende. Para nós, foi uma das experiências mais intensas da Itália — e o ponto de partida perfeito para Capri.

Sobre o Autor

Rafael Hertel
Rafael Hertel

Sou Rafael Hertel, jornalista e apaixonado por viagens. Ao longo dos anos, tive o privilégio de explorar destinos fascinantes ao redor do mundo, desde grandes metrópoles até refúgios escondidos. Cada viagem me proporcionou experiências únicas e momentos inesquecíveis, e agora quero compartilhar essas aventuras e dicas com você.

0 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *