O Brasil tá na moda: turismo em alta e o poder das redes sociais

Em 2025 o Brasil se tornou um fenômeno turístico. Quem viaja pelo país percebe hotéis cheios, filas em museus e estrangeiros com câmeras curiosas nos pontos turísticos. Os números confirmam: em apenas oito meses o Brasil recebeu 6,52 milhões de visitantes internacionais, um crescimento de 46,6 % em relação ao mesmo período de 2024. Essa marca já representa 94,6 % da meta de 6,9 milhões de turistas prevista pelo Plano Nacional de Turismo para todo o ano. Mais do que números, a conjuntura revela como o país tem usado mídias sociais e marketing digital para se apresentar ao mundo.

Um ano de recordes

Os resultados de 2025 são surpreendentes. Em agosto, tradicionalmente um mês de baixa temporada, chegaram 576 mil turistas internacionais, o melhor agosto já registrado e 37,8 % acima de agosto de 2024. Em anos passados, como 2016 (durante os Jogos Olímpicos), o país recebeu 537 mil visitantes nesse mês, o que evidencia a nova fase.

Os efeitos aparecem no caixa. Entre janeiro e maio, turistas estrangeiros deixaram US$ 3,648 bilhões (aproximadamente R$ 20,8 bilhões) na economia brasileira. O Banco Central registra que essa é a maior cifra da história para o período e 13,7 % maior que a de 2024. Já no acumulado de janeiro a julho, a receita turística alcançou US$ 4,9 bilhões, 13 % acima do mesmo intervalo do ano anterior. Esses resultados alimentam expectativas de ultrapassar as metas do Plano Nacional de Turismo (6,9 milhões de visitantes em 2025 e 8,1 milhões em 2027) antes do prazo.

Ao comentar a marca de 6,52 milhões de visitantes ao Gov.br, o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, celebrou o novo patamar do setor: “Em apenas oito meses, nós já estamos muito próximos do recorde histórico de 6,77 milhões de turistas que chegaram ao Brasil em todo o ano de 2024… No final do ano ultrapassaremos os 8 milhões de turistas. Mudamos de patamar; o turismo hoje é a indústria sustentável que gera emprego em todo o país”.

De onde vêm os turistas

A América do Sul continua sendo o principal mercado emissor. Mais de 2,6 milhões de argentinos visitaram o Brasil até agosto, seguidos por 539 mil chilenos e 516 mil norte-americanos. O fluxo da Europa também cresceu: França, Portugal, Alemanha, Itália e Reino Unido somaram mais de 740 mil visitantes. Entre as portas de entrada, São Paulo se destaca, com 1,8 milhão de desembarques, seguida pelo Rio de Janeiro (1,4 milhão) e pelo Rio Grande do Sul (1,2 milhão).

A digitalização do público brasileiro

O Brasil está “na moda” entre estrangeiros, entre outros motivos, por ser um campeão de engajamento digital. Ou seja, é notório que quando um estrangeiro menciona o Brasil ou viaja para o Brasil, há um boom de interação com o post, notadamente no Instagram ou TikTok. Viajar ou falar sobe o Brasil aquece o seu perfil de influenciador. 

O relatório Digital 2025: Brazil da DataReportal aponta que o país tinha 183 milhões de usuários de internet no início de 2025 (86,2 % da população) e 144 milhões de identidades de usuários de redes sociais, equivalentes a 67,8 % da população Mais impressionante: 78,6 % dos internautas usam ao menos uma plataforma de redes sociais.

Outras pesquisas ajudam a explicar esse comportamento. Um estudo da Bain & Company, citado pela CNN, mostra que os brasileiros passam mais de 9 horas por dia conectados à internet e mais de 3 horas em redes sociais. Dados da We Are Social/ DataReportal colocam o Brasil em terceiro lugar mundial no tempo gasto em plataformas sociais, com média de 3 horas e 37 minutos por dia — só atrás de Quênia e África do Sul. 

Relatórios apontam que os usuários nacionais acessam em média 6 a 7 plataformas diferentes; o WhatsApp alcança 92,33 % dos usuários, seguido por YouTube (144 milhões de usuários), Instagram (134,6 milhões), Facebook (111,3 milhões) e TikTok (98,59 milhões). 

Redes sociais impulsionam o turismo

O turismo não cresce apenas por marketing tradicional ou eventos físicos. A influência das mídias sociais é decisiva. A Embratur investiu em campanhas digitais do Plano Internacional de Marketing Turístico — conhecido como Plano Brasis — que envolvem influenciadores e conteúdo compartilhável. Essa estratégia multiplica o alcance: cada selfie em Salvador ou vídeo no Jalapão torna-se propaganda espontânea. Com milhões de brasileiros hiperconectados, os destinos internos são exibidos em tempo real para possíveis visitantes estrangeiros.

Essa base digital também facilita campanhas oficiais. O levantamento da plataforma Social Media Gov mostra que as redes administradas pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) lideram o engajamento entre instituições públicas: de janeiro a junho de 2025, a TV Brasil somou 25,7 milhões de interações e o perfil @govbr contabilizou 16,8 milhões de interações. O engajamento demonstra que a população acompanha e compartilha informações, reforçando a marca Brasil.

Economia e sustentabilidade

Os números não se limitam a visitantes e curtidas. O turismo já representa 8 % do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e tem sido um vetor de emprego e renda. De janeiro a maio de 2025, o país registrou 4,8 milhões de chegadas internacionais. Se a tendência continuar, a Embratur projeta ultrapassar 8 milhões de turistas até dezembro. Além disso, a malha aérea internacional cresceu 16 % em 2025, ampliando conexões com América do Sul, Estados Unidos e Europa.

Esse ciclo virtuoso alimenta a economia: cada turista contrata transporte, hospedagem, alimentação e passeios, o que beneficia do pequeno empreendedor às grandes companhias. Políticas de sustentabilidade também são enfatizadas, já que a paisagem e a cultura brasileiras são o principal atrativo. A meta das autoridades é combinar crescimento turístico com preservação ambiental e inclusão social, de modo que a indústria permaneça sustentável no longo prazo.

Conclusão

A frase “O Brasil tá na moda” virou realidade em 2025. Em oito meses o país recebeu mais turistas internacionais do que toda a vizinhança sul-americana, gerou receitas recordes e alcançou quase toda a meta anual. Paralelamente, os brasileiros consolidaram-se como campeões globais de engajamento nas redes sociais, passando horas conectados e criando uma vitrine espontânea para o país.

Essa conjunção — turismo em alta e público digital fervoroso — cria um círculo virtuoso: redes sociais alimentam o desejo de visitar o país, enquanto turistas satisfeitos multiplicam conteúdo e reforçam a marca Brasil. Mais do que moda passageira, os resultados indicam que o turismo está se convertendo em política de Estado, com estratégias de marketing bem definidas, ampliação da conectividade aérea e compromisso com a sustentabilidade.

Para quem planeja explorar esse Brasil “na moda”, a hora é agora: 2025 entrou para a história como o ano em que o país se apresentou ao mundo com um sorriso online e recebeu de braços abertos quem clicou “reservar”.