Como Visitar a Catedral de Notre‑Dame de Paris

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A Catedral de Notre‑Dame, situada na extremidade oriental da Île de la Cité em Paris, é uma das igrejas góticas mais famosas do mundo. Construída ao longo de mais de dois séculos, ela se tornou símbolo da identidade francesa por sua arquitetura monumental, por ter testemunhado coroações, revoluções, guerras e festivais e por permanecer como lugar de culto e de encontro de peregrinos.

História e arquitetura

O local onde se ergue a catedral abrigava duas igrejas pré‑existentes. Em 1160, o bispo de Paris Maurice de Sully idealizou substituir as pequenas igrejas por um único templo gótico. O papa Alexandre III lançou a pedra fundamental em 1163 e o altar‑mor foi consagrado em 1189. As obras duraram mais de 200 anos, mostrando a ambição e o refinamento técnico da Idade Média.

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Estrutura gótica

Notre‑Dame segue o plano em forma de cruz típico das catedrais góticas, com coro e ábside, transepto curto, nave principal, duas alas laterais e capelas quadradas. A fachada ocidental possui duas torres góticas de cerca de 68 metros adornadas com esculturas e gárgulas. Enormes arcobotantes sustentam as paredes, permitindo que estas sejam preenchidas por vitrais que retratam cenas bíblicas; as rosáceas mantêm vidros originais do século XIII. A agulha central original foi removida no século XVIII devido à instabilidade e substituída no século XIX por Eugène Viollet‑le‑Duc.

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Restauração do século XIX e influência de Victor Hugo

Depois da Revolução Francesa, a catedral ficou muito danificada. Em 1801 o Concordato restaurou o culto católico, mas a construção estava em risco e, em 1804, para a coroação de Napoleão I, precisou de decorações provisórias. Durante a Revolução de 1830, revoltosos destruiram vitrais e incendiaram o palácio episcopal; as autoridades pensaram até em demolir Notre‑Dame. A publicação do romance “Notre‑Dame de Paris”, de Victor Hugo, em 1831, alcançou grande sucesso e desencadeou um movimento nacional de preservação.

A obra de Viollet‑le‑Duc

Em 1842 o governo decidiu restaurar a catedral, e dois anos depois os arquitetos Eugène Viollet‑le‑Duc e Jean‑Baptiste Lassus foram escolhidos. O projeto recebeu orçamento de dois milhões de francos; após a morte de Lassus, Viollet‑le‑Duc assumiu sozinho a direção. A restauração incluiu a substituição de pedras desgastadas, a criação de cerca de cem estátuas na fachada, a restauração das portadas e da galeria dos reis, a recuperação da rosácea sul e da sacristia e a remodelação do coro.

Viollet‑le‑Duc também projetou uma nova agulha e esculturas quiméricas (gárgulas), o que gerou críticas, mas devolveu prestígio à arquitetura medieval. A catedral foi classificada como monumento histórico em 1862 e, em 1991, foi incluída na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO.

Notre‑Dame na cultura pop

A catedral inspirou obras de arte, literatura e cinema. O romance “Notre‑Dame de Paris” de 1831 – traduzido em português como “O Corcunda de Notre‑Dame” – apresenta o sineiro Quasímodo e a cigana Esmeralda e transformou a catedral em personagem central.

Em 1996, a história ganhou uma versão animada da Disney. O filme “The Hunchback of Notre Dame” adapta o romance para o público infantojuvenil: ele se passa na Paris do século XV e apresenta Quasimodo como campaneiro da catedral Segundo a revista CBR, o filme estreou em 1996, arrecadou US$ 325 milhões e se tornou um dos sucessos da era renascentista da Disney, mostrando que mesmo quem nunca leu Victor Hugo reconhece a história.

O incêndio de 2019

Em 15 de abril de 2019, alarmes de incêndio soaram às 18h20. Os visitantes foram evacuados e, vinte e três minutos depois, chamas foram vistas no telhado; mais de 400 bombeiros combateram o fogo. Por volta das 20 h, a agulha de Viollet‑le‑Duc desabou e o incêndio só foi dominado na manhã seguinte.

Autoridades estimaram que, se as chamas tivessem continuado por mais 30 minutos, toda a estrutura ruiria. As causas nunca foram oficialmente determinadas; suspeitou‑se de cigarro ou falha elétrica. As doações alcançaram € 846 milhões, e o presidente Emmanuel Macron chamou a reconstrução de “projeto do século”.

Objetos salvos e curiosidades

Dias antes do incêndio, as 12 estátuas de cobre dos apóstolos que adornavam a agulha foram removidas para restauração, escapando da destruição. Durante o fogo, bombeiros e clérigos conseguiram resgatar a Relíquia da Coroa de Espinhos de Cristo – guardada em um cofre – e outros artefatos. O grande órgão de 8 000 tubos, um dos maiores da França, foi coberto por fuligem; ele foi desmontado, limpo e afinado durante seis meses, voltando a tocar na missa de reabertura.

Reconstrução e reabertura

Mais de 250 empresas e artesãos participaram da reconstrução, que custou cerca de € 700 milhões. As obras utilizaram cerca de 1 000 carvalhos centenários para reconstruir a “floresta” do telhado e empregaram escaneamento 3D e realidade virtual. A flecha foi refeita com madeira e revestida de chumbo, recuperando a cruz e o galo de cobre; outras esculturas retornaram após restauração.

A catedral reabriu para culto em 8 de dezembro de 2024, conforme o governo francês; as obras de limpeza das paredes, vitrais, abóbadas e do órgão continuam até 2026.

Reabertura das torres e nova experiência de visitação

As torres permaneceram fechadas por segurança, mas voltaram a receber visitantes em 20 de setembro de 2025. A rota remodelada permite subir 424 degraus por uma escada dupla, atravessando a galeria das gárgulas e a reconstruída estrutura de madeira a 69 m de altura.

O passeio dura 50 minutos, custa € 16 e é limitado a grupos de até 19 pessoas, com capacidade anual de 400 000 ingressos. A restrição busca preservar o monumento, que recebe cerca de 30 000 visitantes por dia.

Futuras etapas

A zona ao redor da catedral está sendo redesenhada; um antigo estacionamento subterrâneo dará lugar a uma promenade coberta e a grande praça será ampliada. Planeja‑se instalar vitrais contemporâneos até 2026 e plantar 150 árvores, concluindo a requalificação em 2028. A expectativa é que Notre‑Dame volte a receber 12 – 15 milhões de visitantes por ano.

Como visitar a Catedral de Notre-Dame

Visitar Notre‑Dame após a reabertura exige planejamento, pois a procura é enorme (e pode ser realizada pelo site Headout). Aqui estão dicas práticas para quem pretende conhecer o ícone parisiense:

Horários e missas

  • Horários de funcionamento: de segunda a sexta‑feira, das 7h45 às 19h; sábado e domingo, das 8h15 às 20h30, com última entrada 30 minutos antes do fechamento. A cripta arqueológica abre de terça a domingo, das 10h às 18h.
  • Missas: a missa principal é às 10h, seguida de missa em francês ao meio‑dia; às 17h30 há vésperas. Durante a semana há missas ao meio‑dia e às 18h. Chegue pelo menos 30 minutos antes para conseguir lugar.
  • Melhor época para visitar: as manhãs de segunda a quinta‑feira, especialmente entre setembro‑novembro ou janeiro‑fevereiro, têm menor movimento.

Reservas e ingressos

  • Entrada gratuita: a visita ao interior da catedral continuará gratuita, mas recomenda‑se reservar horário via site ou aplicativo dedicado para evitar filas. Com a reabertura, espera‑se um sistema de entradas cronometradas para gerenciar o fluxo de 12 – 15 milhões de visitantes por ano.
  • Visita às torres: a subida deve ser reservada separadamente. O ingresso custa € 16 e inclui um percurso guiado de 50 minutos, limitado a 19 pessoas por grupo, com apenas 400 000 bilhetes por ano. Prepare‑se para subir 424 degraus e não há elevador; crianças menores de 6 anos não são autorizadas.

Acessibilidade e serviços

  • Acessibilidade: a nave principal é acessível a cadeirantes e cães‑guia são permitidos. A subida às torres não é adaptada, pois envolve escadas estreitas.
  • Infraestrutura: há loja de souvenirs, banheiros, banco de velas e um aplicativo móvel gratuito para audioguia. A cripta arqueológica, situada sob a praça, apresenta vestígios romanos e medievais.

Como chegar

  • Metrô: linhas 4 (estação Cité) e 1 (Hôtel‑de‑Ville).
  • RER: linhas B e C até a estação Saint‑Michel–Notre‑Dame.
  • Ônibus: linhas 21, 24, 27, 38, 47, 58 e 85 param nas proximidades.

Dicas finais

  • Chegue cedo (por volta das 9h) para evitar multidões.
  • Reserve ingressos com antecedência para as torres e para a visita geral, pois os horários podem esgotar rapidamente.
  • Vista‑se adequadamente para um local de culto (ombros e joelhos cobertos).
  • Explore o exterior: caminhe ao redor do edifício para apreciar os arcobotantes e gárgulas de perto e visite a cripta para conhecer a história da Île de la Cité.

Conclusão

A Catedral de Notre‑Dame é mais do que uma igreja: é um símbolo resiliente da história francesa que renasceu após um incêndio devastador. Seu passado milenar – da decisão de Maurice de Sully no século XII às intervenções de Viollet‑le‑Duc no século XIX – entrelaça‑se com a literatura de Victor Hugo e com filmes que apresentaram Quasimodo ao mundo.

A reconstrução pós‑2019 devolveu a agulha, limpou as pedras e preparou a catedral para receber gerações futuras. Para quem planeja como visitar a Catedral de Notre-Dame, a palavra‑chave é organização: reservar horários, chegar cedo e apreciar cada detalhe dessa obra‑prima gótica. Assim, a experiência se torna não apenas uma visita turística, mas um mergulho na história, na arte e na espiritualidade que atravessam séculos.

Sobre o Autor

Rafael Hertel
Rafael Hertel

Sou Rafael Hertel, jornalista e apaixonado por viagens. Ao longo dos anos, tive o privilégio de explorar destinos fascinantes ao redor do mundo, desde grandes metrópoles até refúgios escondidos. Cada viagem me proporcionou experiências únicas e momentos inesquecíveis, e agora quero compartilhar essas aventuras e dicas com você.

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