Sauna e gelo: a tradição nórdica de mergulhar em lagos congelados

sauna nordica

Se você acha que sair do banho já é difícil em um dia frio, prepare-se para conhecer um ritual que leva o conceito de “choque térmico” a outro nível. Nos países escandinavos, eslavos e bálticos existe uma tradição que parece uma mistura de insanidade com sabedoria ancestral: ficar suando em uma sauna escaldante e, logo depois, sair correndo e mergulhar em um lago praticamente congelado.

Sim, eles fazem isso de propósito. E adoram.

Onde essa prática é comum?

  • Escandinávia (Finlândia, Suécia e Noruega): a Finlândia é o epicentro da tradição, com cerca de 3 milhões de saunas para pouco mais de 5 milhões de habitantes. É tão enraizado que a palavra “sauna” vem do finlandês e é considerada patrimônio cultural imaterial pela UNESCO.
  • Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia): a sauna faz parte do cotidiano, muitas vezes acompanhada de rituais de família e festas comunitárias.
  • Países Eslavos (Rússia, Ucrânia, Polônia): aqui o destaque é o banya russo, uma versão local da sauna, muitas vezes com o uso de ramos de bétula (chamados venik) para estimular a circulação antes do mergulho no gelo.

Como funciona o ritual?

O contraste entre o calor extremo e a água gelada causa uma explosão de sensações: primeiro o choque, depois uma onda de energia e, em seguida, uma calma difícil de descrever.

  1. Aquecimento intenso: a sauna atinge temperaturas que variam entre 70 °C e 100 °C, fazendo o corpo suar e relaxar profundamente.
  2. A corrida épica: depois, a pessoa sai para o lado de fora, muitas vezes só de toalha ou até de roupa de banho.
    O mergulho no gelo: o destino é um lago, rio ou até um buraco escavado no gelo — conhecido como avanto na Finlândia. O mergulho é rápido, mas o impacto é gigantesco.

Cultura e diversão

O mais curioso é como essa tradição vai além da saúde e se torna um evento social. Na Finlândia, não é raro amigos se reunirem em uma cabana, alternando sauna, mergulho e cerveja (que, diga-se de passagem, não precisa de gelo para ficar gelada).

Na Rússia, o banya é visto como um espaço de convivência e até de filosofia — dizem que é lugar para “limpar o corpo e a alma”. Já nos países bálticos, existem até festivais em que multidões praticam o mergulho gelado de forma coletiva, como uma celebração cultural.

Os benefícios (ou pelo menos é o que eles juram)

Os praticantes defendem que a alternância entre calor e frio:

  • Fortalece o sistema imunológico
  • Melhora a circulação sanguínea
  • Reduz o estresse
    Gera sensação de euforia graças à liberação de endorfina
    Aumenta a resistência física e mental

É por isso que, mesmo parecendo um ato de loucura, médicos e pesquisadores escandinavos reconhecem que a prática pode trazer efeitos positivos — desde que feita com segurança.

Vale a pena tentar?

Se você não tem medo de frio extremo, vale — pelo menos uma vez na vida. O ritual oferece uma das sensações mais intensas e inesquecíveis que alguém pode experimentar. Mas é preciso cuidado: não é indicado para pessoas com problemas cardíacos e sempre deve ser feito em locais seguros.

No fim, o mergulho gelado é muito mais do que um desafio físico: é uma tradição que une comunidade, história e um toque de loucura saudável.

Sobre o Autor

Rafael Hertel
Rafael Hertel

Sou Rafael Hertel, jornalista e apaixonado por viagens. Ao longo dos anos, tive o privilégio de explorar destinos fascinantes ao redor do mundo, desde grandes metrópoles até refúgios escondidos. Cada viagem me proporcionou experiências únicas e momentos inesquecíveis, e agora quero compartilhar essas aventuras e dicas com você.

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